pilha de moedas pilha de moedas

Vegetarianismo e investimento

Investir em empresas baseadas em produtos animais pode parecer ser uma boa estratégia mas, a longo prazo, pode representar uma ameaça para as finanças pessoais, e uma economia baseada em tais empresas pode resultar em problemas económicos sérios, entre outros, do que resultaria um mundo onde poucos de nós gostariam de viver. Por outro lado, o vegetarianismo apresenta um grande potencial como investimento.

Primeiramente, vamos considerar quatro aspectos que não são directamente financeiros:

1.O vegetarianismo é um grande investimento em nós próprios, na nossa saúde, já que a alimentação carnívora tem vindo a ser associada a doenças coronárias, acidentes cardio-vasculares, algumas formas de cancro e outras doenças degenerativas. E que nos importa estarmos muito bem de investimentos financeiros se não tivermos a saúde para gozá-los?
2. O vegetarianismo é um grande investimento num mundo mais limpo e sustentável, porque a agro-pecuária, hoje em dia, está a contribuir para a erosão e exaustão dos solos, a poluição do ar e da água, o uso corrente de pesticidas e outros químicos, a destruição das florestas tropicais e outros habitats, e o aquecimento global. De que nos valerá uma grande casa e outros bens, se não houver um planeta onde os ter?
3. O vegetarianismo é um investimento num mundo mais pacífico, menos violento, porque as dietas baseadas em carne, ao desperdiçar recursos valiosos, ajudam a perpetuar a fome e a pobreza que levam à instabilidade e à guerra. Qual será o valor de uma riqueza enorme num mundo de guerra e violência?
4. O vegetarianismo é um grande investimento num mundo mais humano, porque, hoje em dia, os animais são criados para abate, sob circunstâncias cruéis, em jaulas apinhadas e minúsculas, onde lhes negam ar puro, exercício físico e a realização das suas mais básicas necessidades.

O vegetarianismo é ainda um grande investimento num mundo onde os investimentos são proveitosos. A agro-pecuária ameaça o ambiente e os recursos básicos necessários a uma economia em crescimento, e as dietas baseadas em carne resultam em doenças cujos tratamentos consomem muitos dos recursos financeiros de uma nação.

Um relatório de 2006 da Food and Agriculture Organization (F.A.O. - Organização para a alimentação e agricultura) das Nações Unidas demonstrou que a agricultura baseada em animais para abate emite mais gases de efeito estufa do que todas os meios de transporte (em equivalentes de CO2). E em 2007, um relatório de 11 Almirantes e Generais Americanos aposentados demonstrou que o aquecimento global é uma questão de segurança nacional, já que os refugiados que tentam escapar às secas, tempestades, inundações e fogos, muito provavelmente aumentariam a instabilidade, violência, terrorismo e guerra. No Reino Unido, um relatório bastante extensivo, de 2006, adverte que, se não gastarmos já cerca de 1% do produto interno bruto mundial a tentar reduzir o aquecimento global, em breve teremos que gastar algo como 5 a 20% do produto interno bruto mundial a tentar amenizar os efeitos das mudanças climáticas em todo o planeta. Os efeitos devastadores do Furacão Katrina são um bom exemplo do que poderá vir a acontecer.

Em 1993, quase 1700 cientistas de todo o mundo, incluindo 104 galardoados com o prémio Nobel - o maior número de laureados vivos em Ciências - assinaram um "Aviso de Cientistas para a Humanidade" que afirmava que "os seres humanos e a natureza estão em rota de colisão. As actividades humanas infringem danos, na maior parte das vezes irreversíveis, no ambiente e nos recursos mais críticos. Se não forem revistas, muitas das nossas práticas correntes irão pôr em sério risco o futuro que desejamos para a sociedade humana e os reinos animal e vegetal, e poderão alterar de tal forma o mundo em que vivemos que será impossível manter a vida tal como a conhecemos agora. É urgente fazermos mudanças fundamentais para evitarmos a colisão para a qual nos encaminhamos neste momento. Uma das mais importantes destas mudanças fundamentais para evitarmos este futuro negro, que também envolve consequências desastrosas para a economia, é a mudança para uma dieta vegetariana.

Em resumo, uma agricultura baseada no consumo de animais é irracional em termos de saúde, em termos ambientais, e de consumo de recursos, e os altos custos relacionados com a saúde e o ambiente vão levar a economia de arrastão, causando efeitos negativos nos mercados e investimentos mundiais. Em última análise, os assuntos ambientais e de saúde são assuntos económicos.

Consideremos as perspectivas futuras para alguém que investe numa empresa baseada em produtos animais, comparada com as perspectivas de alguém que investe numa empresas baseada em produtos vegetais, tais como alimentos à base de soja.
Enquanto que as perspectivas, a curto prazo, para uma empresa de agro-pecuária intensiva, pareçam agora boas, uma vez que uma afluência crescente está a levar as pessoas de países em desenvolvimento a subir na cadeia alimentar em direcção a dietas baseadas em carne, adivinham-se nuvens negras no horizonte.

Aqui ficam algumas das questões e pontos que podem significar grandes problemas para as empresas baseadas no consumo de carne:

Será que a abundância de provas que ligam directamente o consumo de carne a doenças cardíacas, várias formas de cancro, e outras doenças degenerativas, não se tornará tão evidente que levará a uma grande mudança para dietas à base de plantas?

Será que os recentes sinais de aquecimento global não aumentarão ao ponto de os governos terem de reconhecer os problemas que a agro-pecuária intensiva provoca, e legislar e obrigar à manutenção de uma agricultura sustentável?

Será que outras ameaças relacionadas com a agro-pecuária - poluição das águas por detritos animais e fugas de químicos usados na agricultura, exaustão e erosão dos solos, maus cheiros por detritos animais, desflorestação e desertificação - não se tornarão tão grandes ao ponto de os governos verem a necessidade de reduzir a indústria agro-pecuária?

Será que a falta de terras, água e combustível, e outras aquisições necessárias à agro-pecuária não irão aumentar grandemente os custos da produção de produtos animais?

Em resumo, será que o irracionalismo da actual produção e consumo massivo de carne não irão atingir a própria agro-pecuária e forçar a mudanças?

Por outro lado, as perspectivas de empresas cujos investimentos se baseiam em produtos à base de plantas são cada vez melhores. A Marketting Intelligence, uma empresa de estudos de produtos de mercado, calculou que mais de 90 novos produtos alimentares dizendo "vegetariano" ou "sem carne" entrariam no mercado em 1998, um aumento na ordem de 290% em relação a 1990. Hambúrgueres vegetarianos estão a aparecer em todo o lado. Cadeias de restaurantes aumentaram enormemente as suas vendas ao porem hambúrgueres vegetarianos nos seus menus. Em Outubro, a apresentadora americana Oprah Winfrey, no seu programa em directo, comeu um hambúrguer vegetal e deu outros a provar aos seus espectadores, como parte do seu programa dedicado à prevenção e tratamento do cancro da mama através de uma dieta saudável. No último episódio da famosa série televisiva "Seinfeld", que foi altamente publicitado, um anúncio de 30 segundos à marca Gardenberger, produtora de hambúrgueres vegetais, levou a um aumento espectacular das suas vendas e também de outras marcas de hambúrgueres vegetais.
Relatórios de vendas dizem que os substitutos de carne não ficam muito tempo nas prateleiras para serem vendidos, e as vendas da marca americana Tofurky de 1998, em relação a 1997, aumentaram 4 vezes.
Muitas reportagens acerca dos malefícios das dietas à base de carne para a saúde, constantes recolhas de alimentos à base de carne por parte das autoridades sanitárias devido a surtos de infecções por salmonela ou E. Coli, e das ameaças ao ambiente devido à agro-pecuária, têm levado muita gente a mudar as suas dietas. A mais recente obra do Dr. Benjamin Spock, pediatra, chamada "Baby and child care" recomenda que as crianças devem seguir uma dieta completamente vegetariana. O Dr. Spock diz que "uma dieta à base de vegetais é mais saudável para uma criança do que uma dieta com colesterol, gordura animal, e proteínas em excesso contidas na carne e nos produtos lácteos."

Estas são só pequenas amostras das provas existentes de que está a haver uma mudança para dietas vegetarianas. Uma observação comum é a de que, enquanto que há 20 ou 30 anos perguntava-se aos vegetarianos onde é que conseguiam arranjar as proteínas ou outras questões que indicavam que as pessoas, em geral, tinham sérias dúvidas em relação aos benefícios para a saúde de uma dieta vegetariana, hoje em dia vê-se muita gente na defensiva a dizer que está a reduzir o seu consumo de carne, ou que já não comem carne vermelha, e outras afirmações do género.

Alguém disse que "nada é mais irresistível do que uma ideia cujo tempo chegou". Está a tornar-se evidente que o vegetarianismo, cada vez mais, será a dieta para a qual a população mundial se vai virar. Os investidores deveriam tomar isso em consideração, investindo em empresas de alimentação à base de plantas e retirando os seus investimentos nas baseadas em produtos animais. Isto tem um enorme potencial para a melhoria da sua saúde financeira, assim como para a saúde do nosso precioso planeta que está em perigo.



Referências:
Do original http://jewishveg.com/schwartz/invest.html
tradução e adaptação de Sónia Cruz.

Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/index.php?print=1&article_id=435

Inserido em: 2007-06-08 Última actualização: 2007-07-27

Comentar printer     E-mail   Facebook F

Iniciação... > Activismo
Pessoas > Artigos por Autor > Sónia Cruz
Pessoas > Artigos por Autor > Richard H. Schwartz





https://www.centrovegetariano.org/index.php?&article_id=435