Carta Aberta a educare.pt

A propósito do texto Vantagens e riscos de uma alimentação vegetariana da nutricionista Paula Veloso, publicado em www.educare.pt, segue-se uma Carta Aberta do Centro Vegetariano.


Antes de mais, gostaríamos, em nome do Centro Vegetariano, de felicitar o sítio educare.pt e a nutricionista Paula Veloso por abordarem um tema como o Vegetarianismo, que certamente interessa a uma vasta fatia da população e tem apresentado um crescimento significativo no nosso país – bem hajam, e esperamos que não seja a última vez.

No seguimento do que lemos gostaríamos, no entanto, de acrescentar:

- O vegetarianismo não é uma moda. Apenas se fala mais hoje de vegetarianismo do que há umas décadas atrás, porque a informação está mais acessível a toda a população e o vegetarianismo está sem dúvida a crescer. No entanto, em Portugal, há mais de um século que surgiu a primeira associação vegetariana e outros movimentos em favor deste regime alimentar e estilo de vida.

- Desconhecemos qualquer estudo credível nesse sentido, mas da nossa experiência poucos serão os adolescentes a deixar de comer carne para promover atritos com os pais e motes de discussão, se é que há alguns. Actualmente, os adolescentes têm cada vez acesso mais facilitado à informação, pelo que cada vez mais cedo se apercebem das razões de ser vegetariano e das suas vantagens.

- Qualquer vegano deve saber que a vitamina B12 é o único nutriente que dificilmente se obtém em quantidade suficiente em alimentos de origem vegetal, pelo que se devem ingerir alimentos enriquecidos com esse nutriente ou um suplemento vitamínico. Mas esse tipo de alimentos ou suplementos já não estão apenas acessíveis nas grandes cidades - até em lojas online se podem encontrar.
A vitamina B12 é exclusivamente sintetizada por bactérias. Os produtos animais são ricos em B12 apenas porque os animais ingerem alimentos contaminados com essas bactérias, ou as têm residentes nos intestinos.
De resto, parece-nos tão anti-natural usar um suplemento de B12 como suplementar o flúor em crianças, ou tomar vacinas, ou usar medicamentos para debelar doenças. No limite, tão anti-natural como vestirmo-nos, ou calçarmo-nos, ou andarmos de carro ou de outro meio de transporte «artificial».

- Da soja comercializada para consumo humano muito pouca será geneticamente modificada. A soja geneticamente modificada é sobretudo usada em rações para animais. Será muito difícil alguém, numa visita a um supermercado, encontrar soja com OGM – sendo que a legislação em vigor obriga à identificação da presença de OGM nos rótulos. Por enquanto, todos os produtos certificados como biológicos são também garantidamente sem OGM.



Assim, e em nome do rigor e da qualidade informativa, sugerimos que colmatem as lacunas, ou pelo menos informem sobre o que por ora apontamos.

Sem mais, subscrevemo-nos com a mais elevada consideração.

Em nome do Centro Vegetariano,

António Paiva e José Ramos – Médicos
Rita Varela - Bióloga

Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/index.php?print=1&article_id=477

Inserido em: 2008-04-15 Última actualização: 2008-04-15

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