reportagem Sic/Visão

Após ler a reportagem na Visão online e de ver a reportagem na SIC, fiquei com uma sensação de... vazio. Não se falou das razões que levam alguém a ser vegano, a não ser muito superficialmente, dava a impressão de que o repórter estava, a priori, com o desejo de que a experiência corresse mal e que acabasse rapidamente.

Sugeria ao repórter que, por exemplo, se infiltrasse num matadouro durante dois meses e que matasse o que lhe vai parar ao prato em forma de "Bitoque". Talvez aí compreendesse um pouco do que nos vai na cabeça a nós, veganos, quando olhamos para aquilo que toda a gente denomina como "carne" e que muitos de nós denominam como "irmãos" ou, no mínimo, seres que precisam que alguém lhes dê a voz, respeito e amor que ainda não têm.
Respeitante à vitamina B12 e aos outros nutrientes de que o repórter carecia no final da experiência, a conclusão a que chego é a de que o repòrter não só se alimentou muito mal (e deduz-se que já se alimentava mal mesmo antes de se tornar temporariamente vegano) como também ocultou outros factores que provocam uma má assimilação de determinados nutrientes, nomeadamente o álcool (que o repórter disse que consumia), o tabaco e outros. Podia, ainda, ter esclarecido que, se ingerir algum alimento rico em vitamina C juntamente com outro alimento vegetal rico em ferro, a absorção do ferro será maior e, consequentemente, melhor e mais proveitosa para o organismo.

Seria impossível poder explicar muita coisa ao repórter em questão, já que a aprendizagem de uma boa alimentação não se faz de um dia para o outro.
O repórter teria tido mais sucesso se fosse seguido por alguém que realmente o ajudasse, em vez de só mostrar quem o criticava e, aparentemente, também desejava que a experiência fracassasse, e sentir-se-ia muito melhor se tivesse seguido uma dieta ovo-lacto vegetariana, em vez de ter passado logo para uma vegana.
O veganismo, também chamado vegetarianismo estricto, não se reduz a uma dieta constrangedora. É uma forma de vida, primeiramente interior que se manifesta de muitas formas, uma delas é a alimentação, mas há muito mais a dizer sobre o vegetarianismo parcial ou total.

Na minha experiência pessoal, passei cerca de 7 anos a adaptar-me a esta nova alimentação, que começou por ser, primeiramente, semi-vegetariana (aboli a carne mas não o peixe), depois passei a ovo-lacto vegetariana, depois só a ovo-vegetariana e, neste momento, sou vegana.

O meu núcleo familiar mais próximo - que inclui o meu filho de 2 anos e meio - também segue o mesmo estilo de vida e nenhum de nós apresenta qualquer problema de saúde, muito pelo contrário, só temos vindo a beneficiar, o que, provavelmente, deve deixar a Dra. Isabel do Carmo (a médica endocrinologista de que seguiu o repórter) e outros profissionais de saúde medíocres como ela que ficariam apreensivos se toda a gente se tornasse saudável.

Esta "doutora" disse subrepticiamente que os vegetarianos seriam calmos por terem todos deficiências nutricionais, o que os torna apáticos.
Também sugeria a esta senhora que voltasse aos estudos e se informasse antes de dizer disparates.

Fiquei muito desiludida com a falta de qualidade e de informação que o repórter e a Visão e Sic demonstraram ter, não obstante terem contactado fontes credíveis que os terão aconselhado devidamente, mas que deliberadamente decidiram ocultar.

Esperamos melhores dias e melhores "Visões" sobre o vegetarianismo.

[Por: soniacorreiacruz @ 2008-01-14, 13:14 | Responder | Imprimir ]




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