Entrevista ao actor André Maia

André Maia é um conhecido actor de todos nós. Neste momento, está a participar na peça "Não Passa Nada", um espectáculo para "seres humanos com mais de 12 anos" sobre a prevenção do HIV e que estará a rodar pelas estradas e salas deste país, e deste mundo, nos próximos cinco anos. Embora consuma ocasionalmente aves ou peixe, em determinados jantares de amigos, André Maia optou por uma vida mais saudável e consciente. O centrovegetariano.org foi ao seu encontro, para saber mais sobre a sua escolha.
1. Que tipo de alimentação segue?
Sou vegetariano há aproximadamente dez anos. Sou lacto-vegetariano, o que quer dizer que bebo leite e derivados.


2. Que razões o levaram a tomar essa opção?
Nunca fui muito de comer carne, mas depois de conhecer e experimentar a comida do Templo Hare Krishna de Lisboa, tive a certeza que ia seguir outro regime alimentar. Eles são lacto-vegetarianos e a comida é deliciosa. Pensar que um vegetariano só come alface e que se fica sem energia é um preconceito. Experimentem uma BOA comida vegetariana e depois falamos...


3. Como é que a sua alimentação afecta o seu trabalho enquanto actor?
Por ser vegetariano, tenho muito mais energia e menos irritabilidade. A carne tem essa propriedade porque estou a ingerir a adrenalina do animal no momento em que é morto e um matadouro não é um local nada agradável...


4. Gosta de cozinhar? Quais são as suas especialidades?
Gosto muito de cozinhar. Estou a escrever um livro de cozinha vegetariana com a minha amiga Filipa Azul, companheira de viagem deste projecto NPN “Não Passa Nada”. As minhas especialidades são: Gaspacho de Morangos, Sopa de Fruta e Cuscuz de Coco e Sementes de Papoila com Vegetais ao vapor e Molho de Tâmaras Picante.


5. A sua opção alimentar desperta curiosidade entre os seus colegas? Que reacções obtém? Houve alguma episódio engraçado que possa contar?
Não. Eu nunca falo muito destas questões. Sei que existe ainda muito preconceito em relação a este tema. Preconceito tem a ver com desconhecimento e por isso com ignorância. Quando alguém me pede que lhe mostre o que é a comida vegetariana, então sim, cozinho e preparo uma refeição à minha maneira. Uma vez levei um colega a almoçar aos Krishnas, gostou muito e no final começou a rir, o próprio achava graça ao facto de rir tanto. Não me surpreendeu porque vi várias pessoas, durante os últimos anos a acabar uma refeição Hare Krishna a rir. Não há álcool, não se fuma e a comida é feita com tanto amor que nos deixa felizes e... rimos.


6. Alguma vez encontrou obstáculos à sua alimentação, ou sempre conseguiu alimentar-se de forma perfeitamente aceitável?
Sempre encontrei em Lisboa restaurantes onde podia fazer uma alimentação essencialmente vegetariana ou macrobiótica. Havia era menos e a qualidade melhorou muito com o correr dos anos. Hoje, tornou-se usual encontrar bons restaurantes e cantinas vegetarianas, o que me deixa muito contente. No entanto, prefiro ainda comer em casa.


7. Conhece alguém que se tenha tornado vegetariano depois de ter partilhado a sua experiência? Como foi?
Conheço pessoas que vieram fazer um dos meus “Fim de Semana de Cozinha Vegetariana” e ficaram rendidos. Eram pessoas habituadas a comer carne, tinham pouco tempo para comer à hora de almoço e por isso comiam carne ou peixe. A cozinha vegetariana pode ser muito fácil e pode comer-se em qualquer lado.


8. Alguma vez participou em alguma campanha ou eventos a favor dos direitos dos animais ou do vegetarianismo? Porquê?
Participei em duas marchas contra touros de morte e maus tratos a animais. Somos responsáveis hoje por um desequilíbrio ecológico que pode levar à destruição do planeta. Não falamos só da extinção da espécie humana, mas sim de todas. O mínimo que podemos fazer é pedir desculpa a qualquer forma de vida que sofra por nossa causa. Quem é que julgamos que somos?


9. Considera que alguma vez voltará a comer carne e/ou peixe?
Não creio que volte a comer carne vermelha, está claro dentro de mim que não é a minha dieta alimentar. Quanto ao peixe e às carnes brancas ainda não as excluí. Não cozinho peixe nem aves, mas se estiver com um grupo de amigos a jantar num restaurante tradicional, pois bem, como!


10. Qual a sua perspectiva sobre a evolução do vegetarianismo em Portugal?
Cada vez mais as pessoas estão a sentir necessidade de fazer uma alimentação equilibrada. Enquanto uns comem “fast-food” com todo o tipo de conservantes possíveis e imaginários, outros querem encontrar o seu equilíbrio entre corpo e mente, passando pela qualidade dos alimentos ingeridos. Só mais tarde quando essa necessidade se tornar para todos uma realidade, é que poderemos exigir que o preço dos vegetais e das frutas baixem (sobretudo os de agricultura biológica).

Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/index.php?print=1&article_id=405

Inserido em: 2006-07-29 Última actualização: 2006-08-13

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