Vulcões


Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal
Não tem a lividez sinistra da montanha
Quando a noite a inunda dum manto sem igual
De neve branca e fria onde o luar se banha

 

No entanto que fogo, que lavas, a montanha
Oculta no seu seio de lividez fatal
Tudo é quente lá dentro... e que paixão tamanha
A fria neve envolve em seu vestido ideal!

No gelo da indiferença ocultam-se as paixões
Como no gelo frio do cume da montanha
Se oculta a lava quente do seio dos vulcões...

Assim quando eu te falo alegre, friamente,
Sem um tremer de voz, mal sabes tu que estranha
Paixão, palpita e ruge em mim doida e fremente!


(Trocando Olhares. 4-5-1916)



Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/literatura/Article-163-Vulc-es.html

Inserido em: 2002-11-18 Última actualização: 2009-10-30

Comentar printer     E-mail   Facebook F

Temas > Amor
Poemas
Autores > Florbela Espanca