Casais Vegetarianos... ou não

A revista francesa Végétariens Magazine inquiriu vários casais de vegetarianos e de vegetarianos/omnívoros e revelou que se para uns é fundamental a sua cara metade não comer derivados de animais, porque o contrário é sinónimo de permanente discussão de princípios éticos e outros e de não compreensão mútua que leva à não coexistência total; para outros que não partilham o regime alimentar, coexistir pacificamente respeitando e percebendo as opções do outro, não só é possível como é um desafio ao amor.

Ainda existe quem tente converter o outro à sua dieta alimentar, o que mais cedo ou mais tarde pode resultar quase numa obsessão e na deterioração da relação se nenhum dos dois ceder, ou até resultar numa feliz vitória para uma das partes e na triste resignação da outra que procura agradar ao parceiro sem levantar eternas discussões.

Os vegansexuais, por exemplo, recusam-se a envolver com pessoas que de alguma forma contribuíram para os maus tratos e matança de seres vivos alegando que estes são "cemitérios vivos", cujos fluidos corporais transportam resíduos de uma alimentação carnívora.

A vivência de um casal implica a partilha de situações do quotidiano. Para um casal de vegetarianos pode ser agradável e até mesmo divertido fazer compras juntos, irem a um restaurante vegetariano juntos, cozinhar juntos e até criar com as mesmas convicções os seus filhos.
Por seu lado, para um casal com opções alimentares distintas, o simples facto de partilhar o frigorífico pode ser complicado, uma vez que para o vegetariano pode ser difícil deparar-se todos os dias com a visão e odor de produtos provenientes de animais. Ir às compras, cozinhar, jantar fora a dois ou com amigos e a educação alimentar dos filhos são outras situações que nem sempre decorrem com harmonia. Mesmo o simples facto de partilhar as refeições, momentos geralmente importantes para qualquer casal, podem tornar-se em momentos de stresse e de confronto permanente.

As formas de resolver estas questões têm que ver com o temperamento dos membros do casal, que podem ser muito variáveis. Tanto pode acontecer um dos membros sentir-se constantemente incomodado com os hábitos do outro como podem construir uma relação democrática, de entendimento e respeito permanentes em que, por exemplo, quando o carnívoro vai ao talho, o vegetariano vai ao mercado comprar os vegetais; o frigorífico pode ser organizado por secções ou gavetas em que cada um coloca os seus produtos numa parte separada; na cozinha cada um pode cozinhar em tempos diferentes a sua refeição; nos jantares a dois ou com amigos, pode-se alternar o tipo de restaurante, uma vez pode ser num restaurante vegetariano, outra vez num restaurante omnívoro em que o vegetariano terá que pedir uma refeição à base de acompanhamentos (saladas, arroz, sopa, etc); na educação alimentar dos filhos podem-se expor os argumentos a favor de uma alimentação vegetariana e os argumentos a favor de uma alimentação omnívora (é importante que o casal não discuta o que é melhor ou pior, mas que apenas apresente informações reais), para que os filhos possam decidir com base na sua própria opinião e apreensão que regime alimentar irão seguir.

O importante no seio de uma relação não é deixarmos de ser quem somos, o que implica também assumir e fazer respeitar as nossas opções alimentares. Mesmo partilhando a vida com um não-vegetariano é possível a fruição do amor e entendimento se ambas as pessoas compreenderem, tolerarem e não impuserem a sua opção alimentar ao outro. Pode até mesmo ser uma experiência enriquecedora e construtiva, uma vez que testa a nossa tolerância e capacidade de respeitar e amar quem tem opções diferentes das nossas. Quem sabe o omnívoro não se venha a tornar um convicto vegetariano após se aperceber dos imensos benefícios que o seu par colhe por ter escolhido o vegetarianismo.

Independentemente das opções alimentares, as pessoas procuram o seu par muitas vezes de acordo com preferências em comum. Ser vegetariano é geralmente indicador de alguém que se preocupa com a saúde, natureza, bem estar animal ou meio-ambiente. Daí que muitos vegetarianos encontrem uma grande compreensão e reciprocidade entre eles. É importante um casal partilhar opções de vida, uma vez que o sucesso da relação depende também desse aspecto.

Por fim, deixamos algumas sugestões para quem procura relacionamentos amorosos ou de amizade com outros vegetarianos:
http://www.centrovegetariano.org/classificados – Colocar um anúncio na secção “Contactos”
http://www.guiavegano.com.br/forum – Colocar uma mensagem no fórum VegNamoro
Em algumas comunidades online, como o Orkut ou Facebook, também existe a possibilidade de conhecer outros vegetarianos.

 

 Referências: Revista Végétariens Magazine nº 1, Setembro 2006.



Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/Article-471-Casais+Vegetarianos...+ou+n%EF%BF%BDo.html

Inserido em: 2008-02-15 Última actualização: 2013-02-14

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Comentários



Bom, apesar de não viver em casal mas sim com a minha mãe e o meu irmão, a situação é basicamente a mesma - eu sou vegetariana, eles não, e temos que partilhar um frigorífico. A solução para uma convivência feliz passa pelo respeito mútuo. Nada de comida sem estar devidamente acondicionada (em caixas, normalmente), e assim evitam-se os cheiros e as visões que não queremos sentir.

[Por: AnaMonteiro @ 2008-03-02, 23:17 | Responder | Imprimir ]


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Aconselho também a leitura deste artigo da revista Satya:
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(Por: vegandragon)

[Por: @ 2008-02-17, 12:02 | Responder | Imprimir ]