Ursos na China

Actualmente, a China mantém mais dez mil ursos presos, a fim de extrair-lhes a bílis para a produção de elixires considerados medicinais e afrodisíacos. E as patas de urso são também utilizadas para fins gastronómicos.
Durante 1999 e 2000, a WSPA (World Society for the Protection of Animals) fez uma das investigações mais completas já apresentadas ao público sobre as fazendas de ursos na China. A investigação revelou que os ursos são cirurgicamente mutilados e "ordenhados" diariamente para extracção da bílis. A investigação da WSPA mostra também que as fazendas de ursos estão a ameaçar a sobrevivência desses animais no seu habitat, uma vez que esse "negócio" colocou a cabeça dos animais a preços muito elevados.

A China mantém milhares de ursos aprisionados, de forma a poder extrair-lhe a bílis da vesícula que, de acordo com a milenar tradição da medicina chinesa, cura doenças como: dor de cabeça, pedra nos rins, cirrose, ressaca e actualmente usa-se também na confecção de shampôs e afrodisíacos. Todavia existem poucas informações a comprovar cientificamente a eficiência dos mesmos, sendo dessa forma a sua importação proibida nos EUA e na maioria dos países europeus. Contudo, mesmo que essas propriedades lhes pudessem ser atribuídas, não justificavam de modo algum a situação em que os animais estão.
Os ursos são colocados horizontalmente em jaulas muito pequenas, dentro das quais nem conseguem mover-se, e onde permanecem deitados sobre os seus excrementos (o que lhes irrita o couro). Com a pata, puxam a comida através do pequeno vão da jaula e para saciar a sede, têm que esticar a língua para lamber as barras da jaula.
É lhes introduzido um cateter na barriga para sugar, permanentemente, o líquido das suas vesículas, a outra extremidade fica para fora da barriga do urso onde um equipamento de metal suga a bílis. Muitos animais acabam por morrer devido a infecções ou complicações pós-operatórias.
As dores dos ursos ultrapassam todos os limites imagináveis. Eles urram de dor, acabando, muitas vezes, por se mutilarem, procurando assim o suicídio. Têm dores alucinantes pois estão aproximadamente 15 anos na mesma posição, o que acaba por lhes deformar os ossos. Nessas condições de sofrimento intermináveis, os animais ainda sobrevivem 15 a 20 anos.
No passado, apenas o Mandarim e a sua corte utilizavam a bílis dos ursos. Mas, actualmente, milhões de chineses e asiáticos têm acesso ao produto. A procura cresceu de tal forma que a China vai buscar ursos a outros países a fim de alimentar o negócio. Das oito espécies usadas para extracção da bílis, seis estão em extinção. Para preservar o património foram criadas em 1985 centenas de fazendas de ursos, onde dez mil animais são mantidos presos.
Esta situação mantém-se, apesar de 150 países, entre eles a China, terem assinado a Convenção Internacional de Comércio das Espécies de Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção (CITES - Convention on the International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora) estabelecida pelas Nações Unidas para regulamentar o comércio da vida selvagem. Nesse acordo, que entrou em vigor em 1975, todas as espécies de ursos do Sudoeste da Ásia foram enquadrados no Appendix I, onde se proíbe todo tipo de comércio desses animais, partes dos seus corpos e produtos derivados dos mesmos.
Para preservar a reputação cultural da medicina milenar chinesa, as autoridades declararam que, assim que for descoberta uma planta que substitua o líquido da bílis dos ursos, as fazendas serão eliminadas. No entanto, apelos internacionais fizeram já com que o governo chinês desactivasse duas das suas fazendas: Zhuhai em 1993 e Huizhou em 1995.
As patas de urso são também consideradas uma iguaria e usadas na preparação de sopas. Além disso, como as patas de ursos são muito procuradas e muitos restaurantes estão dispostos a pagar preços elevados por elas, alguns criadores chegam mesmo a amputar uma ou as duas patas dos ursos criados em cativeiro para a extracção de bílis.
A utilização de ursos, tanto para fins medicinais como gastronómicos, é lendária na Ásia, pois acredita-se que os primatas, os ursos e outros animais, mesmo os ameaçados de extinção, devem sofrer antes de morrer. Segundo eles, os animais martirizados e maltratados violentamente antes da sua morte produzem uma quantidade de adrenalina que torna a carne mais suculenta e mais tenra.

Referências:

http://www.apasfa.org/peti/ursos.html
http://www.geocities.com/Petsburgh/Zoo/4080


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Inserido em: 2002-05-09 Última actualização: 1999-11-29

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